Diocese
de Santarém
Mensagem
para a Quaresma de 2018
A
FIDELIDADE A DEUS REQUER VIGILÂNCIA
Caros Diocesanos
1. O tempo litúrgico da Quaresma é o tempo favorável
de grande fecundidade espiritual que antecede e se justifica pela preparação para
a celebração jubilosa da Páscoa do Senhor. Acompanhando Jesus no seu retiro
de quarenta dias no deserto da Judeia, a Igreja tem no seu Mestre e Senhor o
modelo e o centro de referência para se preparar para caminhar rumo à
celebração pascal.
O Senhor Jesus e a graça da sua Páscoa
continuam a ser a fonte da purificação que nos renova. Uma vez purificada, a
Igreja, a comunidade cristã, deve estar ao serviço desta renovação que se
oferece a toda a humanidade por quem Ele se entregou.
Entretanto, como aconteceu com Jesus, a
fidelidade a Deus requer vigilância.
2.
Na sua mensagem para esta Quaresma, o
Papa Francisco exorta-nos à vigilância para identificarmos “os falsos profetas”
do nosso tempo. Embora os jovens sejam a referência da necessidade de
vigilância, a todos é benéfico ter presente a palavra do Papa:
“Falsos
profetas são aqueles ‘charlatães’ que oferecem soluções simples e imediatas
para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente
ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações
passageiras, de lucros fáceis, mas desonestos! Quantos acabam enredados numa
vida completamente virtual, onde as relações parecem simples e ágeis, mas
depois se revelam dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo
que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a
dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos
leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e do
ridículo não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é
‘mentiroso e pai da mentira’ (Jo 8,44), apresenta o mal como bem e o falso como
verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de nós é
chamado a discernir, no seu coração, e a verificar se está ameaçado pelas
mentiras destes falsos profetas”.
3. Na Quaresma somos exortados aos grandes
‘remédios’ da vida cristã: o jejum, a oração e a esmola.
O
jejum ajuda-nos a crescer no
autodomínio, na resistência às tentações, torna-nos mais capazes de prestar
atenção à vontade de Deus e põe-nos em comunhão com as multidões de pessoas que
no mundo sobrevivem apenas com uma refeição por dia. O jejum deve corresponder
a um desejo de conversão: só faz sentido se nos aproximar de Deus e dos nossos
semelhantes e pode ter um significado social na medida em que corresponder a
uma renúncia que pode ser traduzida em dádiva (esmola).
Dando
mais tempo à oração, vemos melhor a
verdade e os enganos da nossa vida e damo-nos conta da misericórdia de Deus. A convite
do Papa Francisco, em todas as Dioceses, pelo menos numa igreja, acontecerá a
iniciativa das “24 horas para o Senhor”.
Um tempo privilegiado para a intimidade com o Senhor, para celebrar, fazer
adoração eucarística, rezar em silêncio, e com possibilidade de celebrar o
sacramento da Penitência. Convido todos os párocos a promoverem este tempo de
oração nos dias 9 e 10 de março. Em Santarém, na Igreja de Nª Sª da Piedade, as
“24 horas para o Senhor” têm início no dia 9 de março (sexta-feira), às 11,00h,
com celebração da Eucaristia.
Entretanto,
diante da persistência de inúmeros conflitos
em diversas partes do mundo, o Papa
Francisco convocou uma especial jornada de Oração e Jejum pela Paz, dia 23 de
Fevereiro (sexta-feira), especialmente pelas populações da República
Democrática do Congo e Sudão Sul,
A
esmola leva-nos a considerar as
necessidades dos que são mais pobres, ajuda-nos a vencer a ganância e a
indiferença. São Leão Magno exorta-nos a que “seja mais generosa, neste tempo a nossa liberalidade para com os pobres
e todos os que sofrem, para que os nossos jejuns possam mitigar a fome dos
indigentes e se multipliquem as vozes de ação de graças a Deus”. E o Papa
Francisco conclui: “Cada esmola é uma
ocasião para tomar parte na Providência divina. Cada esmola é uma ocasião para
tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se hoje Ele se
serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às
minhas necessidades?”.
4.
É neste espírito que se tem promovido a
Renúncia quaresmal. No ano passado, na nossa Diocese de Santarém, a
Renúncia quaresmal somou o quantitativo de 21.396,50€ e foi destinada a apoio social
no Sudão do Sul, através dos Missionários Combonianos. Este ano, ouvido o
Colégio de Consultores, a Renúncia quaresmal será destinada ao Fundo de
Partilha Diocesano a ser gerido pela nossa Cáritas Diocesana. Quanto mais
reforçado estiver o Fundo de Partilha, maior capacidade de resposta existirá
para as situações de carência que nos aparecem nas paróquias. Não poderá,
portanto, ser utilizado em qualquer outro investimento que não seja em resposta
a situações de necessidade em qualquer ponto da Diocese.
5.
Caros Diocesanos, procuremos ser Igreja
em ‘retiro’ quaresmal com Jesus. Que em todas as Comunidades cristãs da
nossa Diocese, a Quaresma seja um tempo vivido com a marca da fé, da esperança,
da generosidade e da alegria de quem é purificado e amado por Deus. Tenhamos
presente que na Igreja, em todo o mundo, serão milhares de pessoas que se
preparam para o Batismo na Páscoa. Os Catecúmenos serão batizados e nós
renovaremos as promessas do nosso Batismo: façamos caminho de preparação e rezemos
uns pelos outros, e também pelo Papa Francisco que tanto nos pede que não nos esqueçamos
de rezar por ele.
Que
a Virgem Maria, Mãe da reconciliação, nos leve à conversão e à alegria pascal.
+ José Traquina,
Bispo de Santarém
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