sábado, 14 de maio de 2011

"Educar em tempo de crise"

EDUCAR EM TEMPO DE CRISE
Estão em curso as matrículas nas Escolas. Os pais e encarregados de educação, que são os principais e mais influentes educadores, mostram-se cada vez mais empenhados no desenvolvimento integral dos seus educandos.
Este crescimento harmonioso que todos desejamos não se realiza apenas através da inteligência, da aquisição de competências ou da obtenção de resultados; a educação do espírito, a educação para a beleza e para a cultura, para a ética e para a moral, a educação para os afectos, também concorrem para o desenvolvimento das potencialidades dos mais novos.
A educação para a ‘pessoa’ alcança-se com o conhecimento e com a aprendizagem de uma atitude interessada e construtiva, com o exercício da honestidade e da responsabilidade pelo bem comum, com o cultivo da alegria e da boa relação. 
Só conseguiremos alcançar uma educação integral e harmoniosa com o contributo conjugado de todas as forças vivas da sociedade: da família e encarregados de educação; das escolas; das comunidades cristãs; das associações culturais e desportivas; dos meios de comunicação social, etc. A educação global não se alcança apenas com os programas do “Ministério da Educação” - embora estes sejam fundamentais, mas com a colaboração empenhada e complementar de pessoas e instituições apostadas em construir uma sociedade mais justa e fraterna.
A Igreja Católica sempre se dedicou à educação de todas as idades (infância e adolescência, juventude, adultos e idosos) e ao desenvolvimento de todas as dimensões da pessoa humana: cognitiva, ética, afectiva, cultural, espiritual.
Esta preocupação pela plenitude da pessoa humana levou à criação do serviço de educação moral nas escolas públicas através da disciplina da “Educação Moral e Religiosa Católica” (EMRC). Não é ensino confessional, como a catequese, mas transmissão dos valores humanos e das referências que constituem o nosso património cultural de matriz cristã: compreensão do mundo e do homem, história e papel das religiões, participação activa na comunidade, promoção da solidariedade, educação para a responsabilidade, para a alegria e para a boa relação.
Procurem os pais exercer o seu direito de matricular os filhos na disciplina da educação moral (EMRC) desde os primeiros anos da escola. O primeiro ciclo do básico é muito importante por ser o alicerce do percurso escolar. Até aos dezasseis anos pertence aos pais fazer a matrícula. Após essa idade são os educandos que fazem a opção. A frequência é facultativa mas, quando pedida, a oferta é obrigatória da parte dos estabelecimentos de ensino. Se os pais desejarem as escolas não deixarão de responder.
A crise que nos preocupa não é só económica mas também ética. O egoísmo é maior, as fraudes aumentam, as desigualdades são mais gritantes, o respeito pela dignidade do outro parece diminuir. São os próprios fundamentos éticos da sociedade que estão hoje em questão. A educação moral e religiosa escolar pode ser um bom contributo para vencer a crise moral e incutir uma atitude construtiva e responsável perante a vida.
Santarém 12 de Maio de 2011
+ Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém

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